PROPOSTA EM UM 'LAMPEJO'

Este Blog tem por finalidade servir como um "Diário de Bordo" do Veleiro Lampejo. Passeios, viagens, velejadas, manutenções e dicas a respeito do barco, um DELTA 26 e sobre a região do Litoral Norte/SP, Paraty, Angra dos Reis, Ilha Grande e Rio de Janeiro.
Assim como no blog anterior veleirogaipava.blogspot.com.br , durante 10 anos, espero que este sirva de estímulo às pessoas que desejam entrar nesse maravilhoso mundo da Vela de Cruzeiro.
Uma ressalva: 'O ministério da Saúde adverte: velejar causa dependência!!'
BONS VENTOS!!

segunda-feira, 29 de junho de 2020

CICLONE ??




Caros Tripulantes: não foi uma velejada, mas não por falta de vento!! Pelo excesso mesmo!!
Ainda não tenho toda essa 'macheza'.... pelo menos não com meu barco!! 
É muito comum no meio náutico e também na vida, ouvirmos comentários maldosos, '-você deveria ter ido!! Agora tá bom prá velejar!! Porque não fez assim?? Ou assado?? - .....
Eu velejo por prazer, por diversão mesmo!! Não prá colocar em risco meu barco. Por isso aposentei tão cedo quanto possível. Por isso viemos morar em Ubatuba. Por isso o barco está na poita na praia em frente de casa. Em 5 minutos coloco o bote na água. Por isso vejo a previsão do tempo TODOS OS DIAS.
Ou seja, posso escolher o dia de velejar, com sol, mar e vento favoráveis.
E essas condições no sábado, 27/junho, eram de um ciclone no litoram do Sudeste, fenômeno preocupante e quem tem sua embarcação na água, já começa a rezar prá Nossa Senhora do Barco na Poita!! Com todo respeito.
Então, sábado 7 h. já estava a bordo do Lampejo para reforçar a amarração e ficar a bordo enquanto o 'monstrengo' ali estivesse. Alguns velejadores se faziam presentes em seus barcos também.
O Mar estava estranhamente calmo, sem vento, sem chuva, apenas nublado. Olhando para o Sul, viam-se nuvens carregadas. Por volta de 12 h. o show começou!!
De Sudoeste. O que para os barcos do Itaguá, nem é tão agressivo, já que ele entra pelo continente. Somos parcialmente abrigados de ventos do quadrante Sul. Mesmo assim, ele veio forte e trouxe alguma chuva também. E rajadas!! Numa dessas minha capa azul que fica sobre o casario rasgou-se.
Não durou mais de 1 hora. Aí acalmou de novo, como se nada tivesse acontecido.
Por volta das 14 h. entrou um vento mais forte só que de Leste. O Mar cresceu bastante e os veleiros pareciam bois num rodeio. Mas também não durou mais de 1 hora. E veio mais chuva e o mar balançando bastante.
Achei melhor pernoitar a bordo. Foi uma noite mal dormida, contudo, se estivesse em casa, estaria mais preocupado que a bordo. Então valeu a pena ficar no lampejo.
Aproveitei e fiz diversas coisas na cabine, daquelas que sempre deixamos prá depois.




Bote reformado. Re-estréia!!
Domingo de manha comecei a arrumar tudo, debaixo de chuva mesmo, para ir prá casa por volta de meio dia, tomar um banho quente, já que estava encharcado, almoçar e dormir.
Ponto positivo foi a re-estréia do bote laranja que foi reformado. Aguentou bem!!
E, num Lampejo voltaremos!!



quarta-feira, 24 de junho de 2020

NAVEGANDO NO SOLSTÍCIO

Caros Tripulantes,  com a chegada do inverno e em pleno solstício, que se dá quando o Sol, nosso Astro Rei, passa a incidir com maior intensidade no hemisfério Norte em razão da inclinação do Globo Terrestre de 23.5 graus aliados aos movimentos de rotação e translação , por consequência trás os dias mais curtos e as noites mais longas, sem contar aquele friozinho característico da estação, planejamos, eu e minha Almiranta, Maria de Los Angeles uma velejada até a Ilha Anchieta e Saco da Ribeira.
Então, sábado 7 h. já estávamos embarcados no Lampejo, iniciando toda a arrumação, tralha, rancho (comida/bebida), gelo, 'etcteras' ...
Aliás, o 'rancho' é um capítulo à parte, já que a Maria preparou comida para invernar e não para um fim de semana apenas.....

Barco pronto, zarpamos com Vela Mestra em cima e Yanmar ligado, bote no convés, uma pequena brisa, céu absolutamente azul, um Sol maravilhoso. E assim fomos saindo vagarosamente da nossa enseada com destino Ilha Anchieta.
Motoramos por uns 50 minutos, passando a Ponta Grossa , já avistando a Ilha Anchieta ao longe, cuja distância naquele momento era de 6 MN. O vento apareceu, desligamos o motor e claro, iniciamos uma velejada preguiçosa e tranquila. O vento era 'na cara' então bordejávamos e nos afastávamos dos inúmeros pesqueiros e suas redes.
A Maria ficou no leme boa parte da travessia e não fez feio. Ela conhece todos os conceitos e manobras básicas e posso afirmar que conhece mais do 'assunto' que muito marinheiro!!!






Tivemos que ligar o motor novamente, porque o vento miou de vez....e já que estávamos motorando, passamos pela Ilha Anchieta e fomos direto ao Saco da Ribeira onde estava o Christian e seu novo brinquedo, SAFO, futuramente, BACO, um Multichine 28. Nos falamos pelo rádio VHF e jogamos 'ferro' ao seu lado para um breve bate papo , 'molhando a palavra' com algumas cervejinhas...

Ele veio conhecer o Lampejo, ficamos num agradável papo de popa e  depois zarpamos novamente para velejar/motorar até a Anchieta, local escolhido para pernoitar.





Chegamos ao nosso destino, passando por diversos veleiros colorindo o azul do mar, jogamos ferro defronte o outrora 'Presídio Anchieta', hoje sede do Parque Anchieta, porém, em razão da pandemia, não pudemos descer...eu já estive lá algumas vezes, mas a Maria ainda não conhece. Fica prá próxima vez.... jantamos uns 'enrolados', dei uma cachimbada, e desfrutamos daquela paz.

Noite tranquila, balançando um pouquinho mais que o normal, a previsão era de algum vento para tarde, o que se confirmou, nos permitindo uma bela velejada.
Passamos pelo Boqueirão na vela, Saco da Ribeira, Enseada de Fortaleza, Ilhote do Sul, e nesse vai e vem ficamos, até retornar à Ilha Anchieta para um segundo pernoite. A ideia era ir para o Flamengo, mas tava cheio de embarcações, inviabilizando qualquer fundeio.
Um dos raros momentos que peguei no leme....
Foi uma baita velejada com ventos de 10/12 nós de SE , barco adernado, Maria divertiu-se e prá minha surpresa, não teve medo. E eu, nem precisa dizer.....
Fim da tarde nos dirigimos novamente ao mesmo local onde fundeamos com 5 metros de profundidade, jogando 11 metros de corrente mais 15 metros de cabo. Unhou super bem e dormimos tranquilos, dessa vez sem balanço.




Segunda cedo, dia de voltar ao nosso quintal encantado, Itaguá, apareceu uma brisa, um 'terral' e decidimos 'suspender' por volta de 10.30 h. e iniciar nossa volta.
'Despacito', fomos deixando a Ilha Anchieta rumo Itaguá, com o rumo magnético 60 graus na agulha.
De repente, um susto: o parafuso que prende a trava que liga a escota da Mestra na retranca se soltou e ficou por não mais que 1 cm para cair. Se fosse durante a velejada de domingo, já pensou?? Poderia até arrebentar os brandais, pois a retranca iria se soltar com violência. às vezes nossa vida depende de uma pecinha, um parafuso, uma cupilha....Isso é 'barco parado', sem uso. Foi só colocar outro parafuso e resolveu.
No través das Toninhas, merrecou o vento e azeitou o mar. Terminamos a travessia com vento de porão mesmo!! Nosso bravo Yanmar nos levou em segurança prá casa, onde chegamos 2;15 após suspender o ferro.

Chegamos na poita 12:30 h. Maria desembarcou e eu fiquei para mais um pernoite, para no dia seguinte arrumar tudo e deixar o Lampejo em ordem.
Verifiquei um vazamento de água nas conexões de mangueira do pressurizador. Gastei quase o dia todo fazendo testes com o tanque inox, fecha aqui, libera lá e cheguei à conclusão que o problema era esse. Soltei as conexões e recoloquei com teflon. Vamos ver se acho água no porão de novo....




 De quebra, ganhei esse 'crepúsculo dos Deuses'. Cachimbei, comi, deitei e dormi. Noite absolutamente calma, pela manhã terminei a arrumação e por volta de 13 h. estava em casa já pensando na próxima velejada....Navegamos 40 milhas náuticas.
E, num Lampejo, voltaremos!!!


sexta-feira, 12 de junho de 2020

AFINANDO O BARCO

Caros Tripulantes: essa pandemia tem atrapalhado sobremaneira alguns reparos no Lampejo, mas como reclamar se tem gente morrendo...e muita gente!!
Então vamos 'tocando o barco' literalmente. Na verdade não são reparos mas sim verificações no fogão, mangueiras, banco de baterias, instalação do Chartplotter Lowrance e painel solar.
De resto, o Lampejo vai bem e nada disso impede a navegação e isso é o mais importante para ir conhecendo melhor o barco.
Fui na terça feira 7 horas carregando toda tralha para alguns pernoites. A previsão era razoável e também não iria longe.










E assim foi feito. Largamos a poita 10 h. com ventinho de uns 8 nós,rondando de SE a L, Mestra em cima e Yanmar funcionando. Logo desliguei o motor e abri a Genoa e o Lampejo deslizava suavemente num dia de sol e mar sem ondas. Velejada agradável e que me permitiu vários bordos e jaibes para ir me acostumando a um leme e casco diferentes do Gaipava. Vejo que o leme responde bem mais rápido e se bobear, dou um 360*  involuntário. Aliás, repeti essa manobra algumas vezes, assim como 'capear' para um lanchinho a bordo.
Dois veleiros passaram por mim, um deles o Gian do Atol das Rocas dando aula e outro que foi para Barra Seca e não consegui visualizar.

Retornei para poita 15 h. e fui relaxar ainda mais com meu cachimbo e uma latinha de cerveja. Navegamos 11.8 MN . e fui dormir por volta de 20 h. Noite calma e tranquila.

Dia seguinte o dia amanheceu esquisito, cinza, com rajadas e calmarias estranhas.
Assim mesmo zarpei 11 h. motorando um pouco mais afim de carregar as baterias. Logo o vento deu uma firmada, mas rondava bastante. Velejei o que deu até as 14 horas quando resolvi voltar para poita apos 7 MN navegadas e ficar curtindo o visual.
Ainda tentei fotografar o top do mastro pois pretendo fazer algumas modificações nas adriças e preciso conhecer lá em cima. Mas o dia e a falta de claridade não ajudou.
Tive outro pernoite tranquilo, um pouquinho mais mexido e um raiar do dia maravilhoso.


Mas era hora de voltar prá casa e sem pressa fui arrumando as coisas para sair do barco 13 h..
Naveguei um total de 19 MN.
E num Lampejo voltaremos!!