PROPOSTA EM UM 'LAMPEJO'

Este Blog tem por finalidade servir como um "Diário de Bordo" do Veleiro Lampejo. Passeios, viagens, velejadas, manutenções e dicas a respeito do barco, um DELTA 26 e sobre a região do Litoral Norte/SP, Paraty, Angra dos Reis, Ilha Grande e Rio de Janeiro.
Assim como no blog anterior veleirogaipava.blogspot.com.br , durante 10 anos, espero que este sirva de estímulo às pessoas que desejam entrar nesse maravilhoso mundo da Vela de Cruzeiro.
Uma ressalva: 'O ministério da Saúde adverte: velejar causa dependência!!'
BONS VENTOS!!

sexta-feira, 20 de maio de 2022

CICLONE E VELEJADA SEM SAIR DA POITA


Caros tripulantes: Essa era a previsão de tempo que preocupou a galera da Vela, pescadores, escunas de passeio, enfim todo aquele que se aventura no mar. Formou-se no Sul do país um Ciclone que se somou a uma frente fria bem rigorosa mais um alinhamento da terra, sol e lua, cujas atrações gravitacionais se somam nessa circunstância causando ventos fortes e mar bravo até com avisos da Marinha pedindo que embarcações evitassem sair nesses dias. 

Eu que não sou bobo resolvi sofrer a bordo com o Lampejo na poita, pois sabia que em casa não dormiria em paz.... só que não imaginava que fosse tão forte a ponto de não conseguir dormir nada nas duas noites e três dias que fiquei a bordo. Cheguei a colocar uma segunda âncora de reserva caso o cabo/ferragem da poita não aguentasse.



Na terça à tarde fui para o barco com o bote laranja mas tive que ir pela praia no canto do rio Acaraú já que a maré estava batendo na mureta de tão alta (em razão do alinhamento dos planetas) e na prainha da fábrica de gelo não conseguiria descer o bote. Aí sair com o bote com ondas de frente é sempre uma aventura, mas consegui apesar do motor ir falhando não sei porque razão. Já cheguei no Lampejo molhado.


Outra medida importante é que retirei toda a capa do barco e coloquei o motor Mercury no suporte de popa e o bote sobre o convés. Apesar da faina, resguardo o equipamento que ficaria batendo e judiando do conjunto.




Dormir a bordo sempre trás imagens legais apesar do frio e mau tempo. O vento era NW ou seja, vinha do continente, muito raro em Ubatuba, mas causando desconforto e apreensão já que o cabo da poita esticava feito elástico dando trancos no barco que chicoteava na poita sem parar. Os ventos eram de 20 nós constantes e rajadas de até 40 nós. A noite foi, o dia veio e nada de melhorar. Alguns velejadores também pernoitaram a bordo de suas embarcações. E assim foram os 3 dias e 2 noites que fiquei a bordo.


 

Assim seguia a vida a bordo. Café, cachimbo, vento forte, ondas vindas da praia, centenas de gaivotas bem próximo dos barcos (sinal de mau tempo) nas poitas e noites sem dormir...








Conclusão: passei 3 dias e 2 noites a bordo, com o barco serpentando na poita, rangendo, adernando, mas pelo menos eu estava lá caso algo pior ocorresse. Pois se o cabo da poita não aguentasse, com aquele vento e distante 550 metros da encosta cheia de lajes e pedras, em minutos o barco estaria perdido. Deixei a âncora de proa 'no jeito' e como disse acima, outra preparada no cockpit. Ainda me restava a possibilidade de ligar o motor e sair motorando caso tudo desse errado mas seria só no desespero. Já pensou sair motorando com dois cabos/correntes de âncora arrastando?? Sinistro!!Nada disso aconteceu. Meus cunhos e conjunto de poita aguentaram bem!! 
E, num Lampejo voltaremos!! 

REVITALIZAÇÃO DOS PAINEIROS

 




Caros tripulantes: 'Paineiros' são placas de compensado naval, normalmente cedro que compõe o assoalho do barco. Não são apenas decorativas mas também têm a missão de cobrir o porão ou poceto da embarcação. Lugar esse quase sempre molhado de água de chuva que entra pelos mais diferentes locais (no Lampejo entra pelo mastro que é passante, ou seja , vai até a quilha) ou pela 'gaxeta' que lubrifica de água salgada o eixo do motor com transmissão 'pé de galinha' e fica pingando água salgada que se acumula no porão.
Então essa água se acumula até ser esgotada pela bomba de porão, mas sempre sobra um restinho e ao longo de anos vai causando danos aos paineiros. 
Levei num Marceneiro Naval de nome Brito que executou a remoção da madeira estragada, substituindo por resina epóxi e deixando as peças impermeáveis e que seguramente irão durar muito tempo.


Eis o resultado final da revitalização dos paineiros. Custo do investimento ficou em R$250.
E, num Lampejo voltaremos!!

segunda-feira, 9 de maio de 2022

VELEJADA E PERNOITE

 Caros Tripulantes: foi a primeira velejada após a pintura venenosa do casco e a revisão da rabeta. 54 dias depois... muito tempo prá quem anda 3 quadras e vê o barco na poita. Mas estive em SP por duas vezes nesse período num total de quase 15 dias. Também nesse ínterim, retirei a gaiúta de proa para o Rodolfo fazer a manutenção e troca do policarbonato. Entre a retirada e a colocação foram 15 dias sem gaiúta de proa e eu não quis velejar com um plástico cobrindo o espaço. Já pensou precisar ir na proa e errar a pisada?? Acrescente mau tempo, chuva a vontade e dá nisso. 



Contudo estive a bordo pelo menos 10 vezes, sempre ligando o Yanmar, arejando, tirando água de chuva do poceto (vem pelo interior do mastro. Problema crônico dos mastros passantes...vou resolver trocando todo SIKAFLEX do top.) etc....

Bom, sabadão de tempo nublado, lá fui eu 'solo' louco prá velejar. O dia prometia vento. Fui de taxiboat com o Gian. Tira capa, tira camisinha, prepara tudo, e 11 h. zarpei com mestra em cima e motor ligado. Motorei por uns 15 minutos. Entrou uma leve brisa, desliguei o Yanmar, abri a Genoa e o Lampejo começou a deslizar suavemente, sem destino. O vento era NNE e encarneirou chegando a uns 12 nós. Não é um vento costumeiro por aqui, por isso resolvi rizar as velas, primeiro a Genoa e depois a Mestra. Aí o barco estava bem equilibrado e com excelente velocidade. Haviam mais 3 barcos na água, BluePeace, Atobá e Pajé.







                                                          Pescador artesanal com canoa caiçara.

                                                                         Veleiro Pajé

Retornei para poita às 15 horas para fazer algumas coisinhas a bordo. A mais importante era arrumar um lugar de destaque para minha 'nova tripulante' : N.S.Aparecida que achei flutuando na água.

Nova Tripulante!! 



Gian no BluePeace 

O pernoite foi balançando muito, preparei um miojo, bebi umas latinhas de cerveja, depois cachimbei. Falei com mulher, filhos, netos e minha mãe. 




Dia seguinte café da manhã, arrumação e ir embora feliz já que tudo transcorreu bem. A velejada foi ótima, mais radical que de costume, um ótimo treino. Riza a Genoa, depois a Mestra, abre a Genoa, depois riza novamente, bordos e jaibes com vento forte são sempre emocionantes. 



Navegamos 15 MN. 
E, num Lampejo voltaremos!!!

quinta-feira, 5 de maio de 2022

MANUTENÇÕES E SURPRESA !!

 



Caros Tripulantes: desde que o Lampejo saiu da Kauai , onde fez venenosa e revisão da rabeta, foi só voltar motorando do Saco da Ribeira até o Itaguá e nada mais.... A agenda em terra aumentou e o mau tempo diário acabou impossibilitando qualquer velejada. Então abril foi tempo de fazer essa nova capa azul para cobrir o casario, já que a velha (não durou nem 2 anos...) pedia aposentadoria. 

Cola de contato, ilhoses de latão, capa azul presente do Gustavo e um pouco de paciência resultaram em nova proteção contra o sol e maresia. 





Aí comecei a reforma da gaiúta de proa com o Rodolfo, novo nesse mister mas bastante solícito e interessado. Foi no barco no dia combinado e retirou a gaiúta para trocar o policarbonato encraquelado por outro de 6mm na cor fumê. Como o aro superior estava rompido precisou de solda. Custo total de R$800.




Como combinado, 10 dias úteis depois ele voltou para a instalação e ficou assim:






Ficou bem legal e em breve devo fazer as vigias laterais também. A surpresa foi que quando fui buscar o Rodolfo na prainha da fábrica de gelo, vi um pedaço de plástico boiando e dei um bordo com o bote e fui apanhar esse 'lixo'.... maldito povo que suja as praias e o mar. Ao retirar esse plástico que eu imaginava ser uma embalagem de detergente, eis a surpresa: 




Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que foi prontamente recolhida, lavada e fará parte da tripulação do Lampejo de agora em diante!! Provavelmente tenha caído de alguma embarcação pesqueira, mas impossível saber de qual. 


Outro fato que aconteceu nesses dias de abril, foi que uma embarcação de pesca (de um pescador conhecido como Titonho)que já tinha o histórico de causar problemas na nossa enseada, afundou depois de permanecer na poita do veleiro Itaguá sem permissão do mesmo, como de hábito.

 

Embarcação que veio resgatar a traineira 


A embarcação que veio resgatar a traineira naufragada ainda descartou flutuando toda armação da cabine à flor da água mostrando total desprezo pelo meio ambiente e outras embarcações, obrigando que eu e o Toninho (dono da poita) fossemos em 2 botes , rebocar para o mais raso possível essa 'arapuca' que devia pesar uns 200 kg. para que ninguém passasse por cima causando outro naufrágio. Custava levar os destroços também?? Malditos vagabundos!!!!

Bom, abril acabou, em maio seguramente voltaremos a velejar!! 
E, num Lampejo voltaremos!!