PROPOSTA EM UM 'LAMPEJO'

Este Blog tem por finalidade servir como um "Diário de Bordo" do Veleiro Lampejo. Passeios, viagens, velejadas, manutenções e dicas a respeito do barco, um DELTA 26 e sobre a região do Litoral Norte/SP, Paraty, Angra dos Reis, Ilha Grande e Rio de Janeiro.
Assim como no blog anterior veleirogaipava.blogspot.com.br , durante 10 anos, espero que este sirva de estímulo às pessoas que desejam entrar nesse maravilhoso mundo da Vela de Cruzeiro.
Uma ressalva: 'O ministério da Saúde adverte: velejar causa dependência!!'
BONS VENTOS!!

quarta-feira, 5 de maio de 2021

OUTONO NA ALMADA

 Caros tripulantes: mais uma velejada 'solo', aproveitando uma janela favorável nessa época que penso ser a mais desejável para a prática da vela. No outono temos ventos mais constantes, sol brilhando sem cozinhar, temperatura agradável à noite. 

Embarquei no sábado por volta de 12h. e preferi dormir na poita já que havia muita arrumação prá fazer e quem me conhece sabe que só 'largo' com tudo pronto e no seu lugar. Vejo muitos  velejadores zarparem sem velas preparadas, cheio de coisas no cockpit, barco bagunçado..... e vão ajeitando durante o percurso. Costumo dizer que tem 3 maneiras de fazer as coisas: 

1 - a certa , 2 - a errada e 3 - a sua maneira. Alternativa 3 é a praticada. Até porque os procedimentos a bordo devem obedecer uma rotina , principalmente quando se veleja 'solo'. 

Prá começar, troquei a âncora de 5 kg por outra de 10 kg, Bruce. Em setembro de 2020 quando 'garrei' absurdamente na Ilha Anchieta com um vento que entrou de repente e fiquei a noite toda acordado brigando prá não ir parar na praia bem defronte o Presídio Anchieta. Ver postagem de outubro/2020.Daquelas noites prá esquecer. Quando se vê 'a viola em caco'.... mas me safei. Esse procedimento de troca do ferro me levou quase a tarde inteira, mas ficou ótimo. 




Lampejo arrumado, tralha guardada, lanchinho, vinho e cachimbada. Pernoite tranquilo. Dia seguinte, sol, pouco vento, fui me preparando prá zarpar, Yanmar funcionou apesar da troca da ignição que ainda não fiz já que mecânicos têm agendas diferentes das nossas. Mas como motor de veleiro é VELA larguei a poita por volta de 10 h. com destino à Praia da Almada já que ventava SUL . Caso ventasse LESTE iria pernoitar na Ilha Anchieta ou no Flamengo.






Motorei por uns 40 minutos prá carregar as baterias e já com mestra em cima, desliguei o 'vento de porão' , abri a genoa e fui saindo do Itaguá com amuras a BE. Velejada tranquila, muitas lanchas passando perto e fazendo suas marolas gigantes me obrigando a mudar o rumo por instantes para pegá-las pela proa e não ser atingido no costado. Lancheiro é um sujeito a ser estudado. Navega a 30 kt num Yacht de milhões mas passa colado ao veleirinho prá 'pescoçar'.... causando maior tumulto a bordo, fora o risco.

Chegando no Prumirim, fui obrigado a bordejar prá 'fora' já que havia a laje mofina e barcos e pedras não combinam.





Velejei mais uns 15' em seguida retornei ao rumo desejado até a ancoragem na Almada onde cheguei motorando já que haviam mais embarcações de turistas zanzando, kitesurf, Jetsky, Drones, StandUp, nadadores solitários, etc.... Joguei o Ferro por volta de 14:30h., com 4 metros de profundidade, meio longe da praia, já que não iria descer do barco. Abri uma latinha de cerveja, belisquei uns salaminhos e assim relaxei vendo o por do sol.

Logo veio um Drone bisbilhotar enquanto eu organizava o cockpit. Veio tão baixo que quase dava prá pegar.... fiz um tchauzinho e ele se foi....É muita tecnologia prá quem navega como no Século XVI.

Pernoite bem tranquilo. Amanheci no mesmo lugar....kkkk Café da manhã, cachimbo e preparativos prá zarpar.


A ideia era velejar, claro, mas o vento não daria 'às caras' tão cedo. Mar espelhado, resolvi voltar motorando afim de carregar bem as baterias. Já tenho comprado um painel solar e todos os acessórios, mas a pandemia vai atrasar meus planos já que o Kazuo que vai montá-lo já tem 72 aninhos e não quero arriscar nada. 

O plano era passar na Ilha da Selinha ou Rachada como é conhecida, local muito bonito e assim foi feito.Zarpei 10 h. Golfinhos apareciam aos montes alegrando meu dia. E assim retornei ao Itaguá onde cheguei por volta de 13:30 h.










Chegando no Itaguá, nosso 'quintal encantado', sem nenhuma intercorrência, após navegar 24 MN ida/volta. Peguei a poita, organizei tudo, tomei vinho e cerveja. Às vezes até água....E resolvi fazer mais um pernoite em razão do adiantado da hora. Na terça, 04/maio chamei o taxiboat e voltei para casa. 

NOTA TRISTE: no sábado eu notei vários helicópteros e embarcações da Marinha que procuravam algo. Quando cheguei na Almada vi as mensagens de uma lancha de pesca de turismo que havia naufragado na madrugada de sexta feira próximo à Ilha Rapada, bem perto do meu rumo. . 5 pessoas sobreviveram agarradas a um cooler de isopor e foram resgatados por outro barco. Mas um sexto tripulante não teve a mesma sorte e seu corpo foi achado no sábado. Ainda não se sabe o que causou o naufrágio, já que o mar e o tempo estavam ótimos. 

E num Lampejo voltaremos!!!